Canal Luciana Attorresi – 26/02/2016
Amados irmãos de Luz,
Estou acostumado a escrever em capítulos as minhas histórias
e por isso que decidi escrever assim esse conto sobre a minha passagem por essa
encarnação.
Todos que me circundavam quando era criança e adolescente,
eram de pensamentos católicos, apesar que naquela época a Inglaterra estava
travando uma grande batalha contra a Igreja Católica.
Com todas aquelas brigas pelo poder de Deus na vida das
pessoas, eu comecei a criar dentro de mim um Deus personalizado, onde não havia
nenhum dos preceitos católicos e nem protestantes.
Meu Deus estava mais ocupado em cuidar das emoções das
pessoas.
Alguns achavam que isso era uma parte moral minha, mas na
verdade para mim, a moralidade nunca existiu, pois ela é somente um apanhado de
regras que não está escrito em nenhum lugar e que termina sempre a condenar ou
absolver as pessoas.
A moralidade é a irmã mais nova da hipocrisia, que por sua
vez é filha do medo com a insegurança.
Eu não me sentia inseguro quando escrevia sobre a morte ou
as brigas interiores através dos meus personagens, eu não pensava um minuto
sequer se isso seria aceito ou não pelas pessoas, porque eu tinha a mais
absoluta certeza que o que eu dizia fazia parte da vida das pessoas.
As mesmas alegrias e tristezas que eu passei, passaram todos
aqueles da minha época e também passam vocês hoje.
Em Romeu e Julieta, por exemplo – ainda hoje é um dos livros
mais adaptados e lidos do mundo – eu coloquei o amor em primeiro lugar, de
diferentes formas, mas sempre o amor como o Supremo Senhor da vida.
Nessa história à morte, mesmo que trágica, estava em segundo
plano para todos os que viam, a recordação era sempre de que o amor não tem
limites e jamais poderá ser trancada em uma cadeia.
O ódio que existia entre as famílias são nada mais do que as
crenças individuais e coletivas, que ditam o que deve ou não deve ser vivido.
O amor de Romeu e Julieta é a representação de que quando o
amor é conhecido, não é mais possível deixá-lo de lado, quando o amor chega,
tudo deve ser redimensionado e adaptado ao redor dele.
Alguns dizem que Romeu e Julieta é sinônimo do quanto o amor
é cego, pois viam que aquele amor era muito inconveniente para todos ao seu
redor.
E o que na verdade eu mostrei, era que o amor daquele jovem
casal era o mais lúcido dos sentimentos, dois jovens que viviam no agora,
deixando de lado velhas regras.
O amor é assim, ele é avassalador por natureza, ele cura,
adapta, seduz, quebra regras e barreiras, transmuta a dor e devolve à vida,
tudo isso porque ele é a essência da vida em si.
Mas aqueles que não conseguem se desvencilhar das regras e
tabus da sociedade, ainda conseguem ver essa história como uma grande tragédia,
como sendo a morte o ponto final da história.
Mas eu a vejo de uma outra prospectiva, eu vejo que o seu
ponto final foi quando Romeu e Julieta se viram e se apaixonaram, porque o amor
é sempre o objetivo principal de todos os seres, e quando esse objetivo é
alcançado, a elevação do Ser é imediata, por isso que decidi terminar a
história com a morte, porque quando se alcança esse enorme amor dentro de si, a
morte ganha um papel muito pequeno na trama. Ela não será vista jamais como
aquilo que quer te devorar. Ah, não!
Ela é apenas o momento de você pegar todo o seu Ser e
transmutar em algo maior ainda. Mas isso é só para aqueles que vivem pelo amor
que existe dentro de si mesmos.
A vida é o amor em pequenas partes, as experiências são as
cenas para essa busca, uma busca maravilhosa que todos fazem no seu dia a dia.
Existia tanto amor nessa história que ele se tornou uma boia.
Ao tentar afogar a história no lago do esquecimento, o amor ganhou força e a
trouxe para a superfície da memória coletiva.
Por isso não busquem o que está de errado na vida de vocês,
busquem qual é o pedacinho de amor disponível na situação vivida.
O amor é a melhor recompensa e também a força motriz para
toda mudança que precisa acontecer.
E com muito amor eu encerro mais essa parte, deixando a
todos vocês o amor que existe em mim por mim mesmo, por vocês e pela vida,
neste continuum presente onde todos nós somos os escritores e personagens.
Eu sou William Shakespeare