segunda-feira, 8 de junho de 2015

Como a Aranha Deu a Teia dos Sonhos para os Humanos




“Quando a noite cai, o ar se enche de sonhos...”

Os sonhos desempenhavam um papel fundamental para os índios Ojibwe (ou Chippewa). Para este Povo que vivia na região dos Grandes Lagos Americanos, e que hoje também se espalha por outras regiões do Novo México, aprender a decifrar as mensagens reveladas nos sonhos era a tarefa mais importante que as pessoas tinham durante sua passagem pela Terra.

O Filtro dos Sonhos, como ficou conhecido em português, na verdade não é um filtro, é uma teia, um apanhador de sonhos.  Os Ojibwe acreditavam quem quando a noite cai, o ar se enche de sonhos, bons e ruins. Alguns destes sonhos, mesmo sendo pesadelos, podem conter uma mensagem importante do Grande Espírito para nós. Então, na verdade, estes sonhos são bons sonhos. Mas existe muitos outros sonhos e energias ruins flutuando à nossa volta e que não são nossos. Estes são os que podem nos fazer mal. É justamente para separar estes sonhos e energias ruins que existem as Teias dos Sonhos.

A Tradição manda que as teias coloridas sejam penduradas sobre o berço dos bebês e a caminha das crianças. Os sonhos bons, sabendo exatamente aonde devem ir, conseguem passar pelo buraco central da teia, ao passo que os sonhos ruins ficam perdidos e acabam presos nos fios. Quando os primeiros raios de sol surgem, os sonhos maus desaparecem. Os círculos são feitos com ramos flexíveis de salgueiro e revestidos com tiras de couro.

Uma pena é colocada no centro, representando o ar ou a respiração, essencial para a vida. O bebê, observando a pena dançar ao vento, aprende uma lição sobre a importância do ar. Além disto, a pena de coruja, feminina, simboliza a sabedoria. A pena de águia, masculina, serve para dar coragem.

Para captar os sonhos dos adultos, as Teias dos Sonhos são trançadas em fibra e não com ramos de salgueiro, Por isso são mais resistentes.

Embora a Teia dos Sonhos tenha começado com os índios Ojibwe, quase todas as tribos de índios americanos há muitos e muitos anos produzem suas próprias Teias dos Sonhos. E suas lendas correm por toda parte.

Existem muitas histórias relacionadas com Aranhas e Mulheres-Aranha entre as várias   Nações de Índios Americanos. Em muitas destas tradições, por exemplo, a Mulher-Aranha é um personagem fundamental e sábio, ora Mensageira do Sol, ora Avó do próprio Sol e organizadora da vida na Terra. Existem várias lendas relacionadas com as Teias dos Sonhos. Esta que escolhemos é apenas uma das versões. 

“Uma aranha fiava sua teia próximo do lugar onde a avó dormia (Nokomi). Todos os dias ela observava a aranha trabalhar. Alguns dias depois, o neto entrou e, ao ver a aranha na teia, pegou uma pedra para matá-la. Mas a avó não deixou. O menino achou estranho, mas respeitou o desejo dela. A velha mulher voltou-se para observar mais uma vez o trabalho da aranha e, então, a aranha falou: “Obrigada por salvar minha vida. Vou dar-lhe um presente por isso. Na próxima Lua Nova vou fiar uma teia na entrada de usa tenda. Quero que você observe com atenção e aprenda como tecer os fios. Porque esta teia vai servir para capturar todos os maus sonhos e as energias ruins. O pequeno furo no centro vai deixar passar os bons sonhos e fazê-los chegar até você.”

Quando a Lua Nova Chegou, a avó viu a aranha tecer sua teia mágica e, agradecida, não cabia em si de felicidade pelo maravilhoso presente. “Aprenda”, dizia a aranha. Finalmente, exausta, a avó dormiu. Quando os primeiros raios de sol surgiram no céu, ela acordou e viu a teia brilhando como um cristal, graças as gotas de orvalho capturadas nos fios. A brisa trouxe penas de pomba que também ficaram presas na teia, dançando alegremente e, por último, um corvo pousou na teia e deixou uma longa pena pendurada. Por entre as malhas da teia, o Pai Sol sorria alegremente. E a avó, feliz, ensinou todos da tribo a fazer as suas próprias Teias dos Sonhos. E até hoje elas vêm afastando os sonhos maus de muita gente.”

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