Mestre Kuthumi - Canalizada por Maria Silvia Orlovas
Tive um longo caminho, passei por muitas situações,
por muitas estradas.
Eu me vi refletido na face de muitas pessoas.
Sempre procurei respostas, para o amor. Sempre quis o amor,
a aceitação, o carinho e muitas vezes chamei esse amor de sucesso. Porque
queria ter sucesso. E o sucesso para mim, não era apenas o aplauso. Era saber que
eu fazia a grande diferença.
Fui um grande orador, trabalhei para ser esse orador,
trabalhei para ser aquilo que me tornei, como vocês fazem, trabalhar para
alcançar objetivos, para vencer desafios. E chegou um momento na minha
caminhada e que me perguntei não mais quem eu era, porque achava que era aquela
pessoa, aquele homem que tinha fama, aquela pessoa que tinha alcançado uma
condição de sucesso, de realização, de respeito. As pessoas me respeitavam, e
era isso que queria. Esse era o meu sucesso.
Onde chegava as pessoas me olhavam, Nossa é o Grande...
E ai comecei a entender que aquilo não me satisfazia, que
haviam outros sentimentos dentro de mim, e que cada vez queria mais sucesso,
mais aplausos, mais reconhecimentos. Sofria pelo reconhecimento, porque não me
reconhecia, não via minha própria luz.
Falava coisas para as pessoas, fazia coisas para as pessoas.
Era um escravo do fazer, um escravo do viver, um escravo em busca de aceitação,
de reconhecimento, de sucesso, de prestigio, de respeito e de amor. E as
pessoas me traziam isso, mas nunca era suficiente, porque havia uma cratera
dentro de mim. De não compreensão, e entrei em um momento de profunda
depressão, um profundo momento triste da minha vida, que julguei como eterno.
Porque normalmente a tristeza traz a ideia da eternidade, porque é muito ruim
estar triste, é muito ruim estar fora da sua conexão, do seu eixo, da sua
vibração, da sua luz, e era assim que eu me sentia.
E naquela época eu morava numa grande cidade, cercada de uma
colina, de vales. E muitas vezes fui dormir ao relento, ah!
Eu aprendi a compreender os vagabundos, porque eles não são
vagabundos, são apenas pessoas que não se encaixam a sociedade. E me tornei um,
as minhas roupas começaram a perder o brilho. Eu me lavava quando podia, e
depois passava dias, às vezes com dificuldade até para tomar água. Mas estava
tão introspectado, tão dentro de mim mesmo, que nada do que fazia ou vivia
tinha sentido pra mim. Estava tudo bem, o buraco era grande, o sofrimento era
profundo.
Vinha de uma família rica, muito bem situada, e as pessoas
vinham atrás de mim e eu me escondia naquela sujeira, porque eu não queria que
elas me reconhecessem. Vivi minha vida inteira atrás de reconhecimento. E
aquele momento, que era como uma morte de tudo aquilo que eu já tinha
acreditado, se tornou também o meu esconderijo.
Eu não queria que as pessoas me resgatassem daquilo que
estava aprendendo, daquilo o que estava vivendo. Eu não precisava do resgate de
ninguém, porque sabia que o resgate de alguém, o reconhecimento de alguém, iria
me trazer de volta pro mundo que não queria mais viver.
Eu queria estar em paz, e aquele silencio e aquele
recolhimento, começou a me trazer paz. Porque comecei a deixar de perseguir as
coisas do mundo, deixei de sofrer querendo agradar alguém, deixei de me
desgastar querendo cada vez fazer melhor, fazer melhor, fazer melhor.
Porque vivia aprisionado a uma ambição de fazer bem feito,
porque achava que quanto mais bem feito fazia, as coisas que eu tinha que
fazer, seria reconhecido, amado e acolhido.
E ai, me acostumei a dormir ao relento, a ser abraçado pela
lua, a ser protegido pelos galhos de uma árvore frondosa, a ser alimentado por
pessoas que me enxergavam, porque a maioria não quer ver um mendigo. E esse
movimento foi fundamental, pra minha vida, pra minha evolução, para meu
crescimento. E passei muito tempo ai, nesses arrabaldes da cidade, observando
as coisas.
Tinha tantos pensamentos. Teria pensamentos pra mil vidas,
mas Deus foi generoso comigo e foi dissolvendo meus pensamentos, e foi
permitindo que esquecesse as coisas que achava que sabia.
Foi muito bom não ter que carregar tudo aquilo que achava
que sabia, porque aquilo era um peso. E quando fui aliviando esse peso, comecei
a agradecer, quando chovia, agradecer quando fazia sol e me sentia aquecido
depois de uma noite fria. Comecei desejar de novo a ver as pessoas. E ai
entendi, que devia fazer parte do mundo de novo, que ai tinha alguma coisa pra
trocar, pra ensinar.
Eu não vi as rugas chegarem no meu rosto, não vi os meus
cabelos crescerem, porque mal olhava para minha aparência. Eu que um dia tinha
sido tão vaidoso! Não me preocupava mais com o julgamento das pessoas, e também
não me preocupava em julgar ninguém. A minha ascensão, minha compreensão
espiritual veio aos poucos. Sem manifestações espirituais, sem seres que
viessem me dar confirmação. Nada disso aconteceu, eu não era assim. Era apenas
uma pessoa que tinha um mundo interior muito intenso, que tinha estudado muito,
que tinha crescido muito. E foi preciso que eu abrisse mão de tudo, pra que me
sentisse amado, e esse amor teve que vir de mim.
Eu sou mestre Kuthumi, e eu tive muitas vidas no oriente. E
felizmente de onde eu vim, os mendigos não são açoitados, não são
desrespeitados, e muitos deles não são bêbados, nem loucos. Eles apenas
renunciam a fama, ao valor, ao dinheiro, ao prestigio, e aos olhos dos homens.
Nem todos os mendigos são santos, nem todos os santos são
mendigos.
Não é preciso encontrar sempre um denominador comum, que
acolha as ideias de todos. Não é preciso. O mundo é diferente, as pessoas são
diferentes! E a verdade de cada pode ser uma grande luz e uma grande verdade,
desde que haja nela o amor.
As religiões podem ensinar aquilo que elas precisam ensinar,
usando cada uma os seus símbolos, suas palavras, os seus retratos, seus guias,
desde que elas convirjam para amor.
E essa é a minha mensagem pra vocês.
Se permitam ser muitos, respeitando a individualidade de
cada um. Se permitam, em muitos se tornarem um só, quando esse um for o amor.
Recebam nossas bênçãos e nosso amor.
E sintam, que vocês podem ser o que são, e que é muito
bem-vindo um trabalho espiritual voltado aos ensinamentos da Fraternidade
Branca, aqui nessa cidade (Sorocaba), aqui neste grupo, com vocês. E nunca
esqueçam que não é preciso de reconhecimento, é preciso que vocês se
reconheçam. Que vocês se conectem com a sua luz e se vejam amorosamente como
servidores. E apenas isso.
A honra do servir é a maior honra que alguém pode ter.
Espiritualmente é muito elevado, amar com sabedoria.
É isso que a chama amarela em conexão com a chama rosa, traz
aqui hoje à vocês.
Amar, saber e servir.
Tenham paz!
PS: "Mestre KUTHUMI,
para quem não sabe, em uma de suas encarnações na Terra, foi o querido
Francisco de Assis. Foi também o grande filósofo e matemático Pitágoras."